sábado, 17 de abril de 2010

Céluas Tronco a esperança de muitos.

"Trabalhar com células é uma coisa muito artesanal, você tem que todo dia olhar pra ela, ver se ela está feliz, se não está, se ela está se multiplicando. E não tem feriado, não tem fim de semana, ano novo, Natal. Todo dia, você tem que observá-las”, revela a geneticista Lygia Pereira, da Universidade de São Paulo (USP).
Ainda mais quando o material é tão nobre como esse: células-embrionárias, cultivadas no Brasil nos últimos dois anos. "A gente ter conseguido fazer as nossas próprias linhagens de células-tronco embrionárias foi fundamental para dar autonomia ao país nessas pesquisas, e na terapia com essas células. Agora, a gente controla todo o processo, a gente sabe pegar um embrião, tirar a célula embrionária, multiplicar essas células, transformá-las em neurônios, em músculos. O que a gente precisa agora é da segunda etapa, de produzir isso tudo de uma forma segura para uso em seres humanos", afirma a médica.
A Dra. Lygia é do time de brasileiros que vive o entusiasmo de ver a medicina do futuro nascendo no laboratório. Quanto mais seguros são esses primeiros passos, mais longe a pesquisa consegue chegar.
"A grande promessa é você fazer terapia gênica na célula-tronco. Você pega a célula-tronco e coloca lá os gens que podem ajudar no combate da doença para turbinar a célula-tronco. Você pode botar na célula-tronco um fator genético que faz com que ela produza uma quantidade muito grande de insulina, por exemplo. E ela corrigiria a diabetes", aposta o hematologista Júlio Voltarelli, da USP.
Esse é um mundo sem fronteiras. E, assim, a equipe do Sr. Júlio Voltarelli - que trabalha no interior de São Paulo - consegue ser uma referência mundial.
"Isso é que é muito bom, porque eu sempre digo que a pesquisa é como uma casa que você vai construindo colocando tijolinhos, e tem muita gente correndo para colocar os tijolinhos, e a casa está crescendo. Então, cada trabalho novo que surge é um novo aprendizado, é um tijolinho a mais. E que todo mundo aprende junto", declara a geneticista Mayana Zatz, da USP.
E sempre de olho no futuro, os cientistas vão deixando, no caminho, ferramentas que os médicos já estão aproveitando.
"Hoje, nós vivemos um momento único, em que um pesquisador clínico que vê e trata pacientes tem a chance de ir a um laboratório de pesquisa básica e dialogar com esses profissionais, procurando soluções na bancada do laboratório para os seus pacientes nos consultórios, nos ambulatórios que hoje sofrem", ressalta o cardiologista Luis Henrique Gowdak, do InCor de SP.
O desafio deste século é desenvolver a medicina regenerativa, usando o próprio corpo humano como fonte da cura. Conhecendo cada vez melhor essa máquina maravilhosa, onde será possível chegar?
"O nosso grande desafio é eliminar esse conceito, esse rótulo, que alguns pacientes ainda recebem de ‘lamento, não há mais nada que a medicina possa fazer pelo senhor. Então, o senhor ai continuar a sofrer pelo tempo de vida que lhe resta’. Isso é muito angustiante para um médico. Isso é um desafio", afirma o cardiologista Luis Henrique Gowdak, do InCor de SP.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe sua mensagem !!!